Fazer parte de uma denominação cristã – Igreja – vai além de simpatizar com seu estilo de culto ou com as pessoas que nela congregam. A Igreja é um espaço para desenvolvermos nossa vocação e chamado ao Evangelho. Já sabemos, mas vale a pena repetir: denominação não salva, somos salvos pela Graça, pelos méritos de Jesus (Efésios 2.8)! Mas quando o Senhor nos alcança, nos propõe uma carreira, uma carreira de fé para ser vivida debaixo da mesma Graça que nos alcançou, junto com outras pessoas. Daí o sentido de ser Igreja, e de fazer parte de uma denominação – encontrar uma parte do povo de Deus e se associar a ela para viver o Evangelho e colaborar na missão.
Como metodistas, fazemos parte de uma organização que vai além da estrutura (instituição): somos um povo! Um povo com uma identidade e um chamado:
viver o Evangelho, fazer discípulos e discípulas, espalhar a santidade bíblica!
Homens e mulheres que se identificam com uma doutrina e se reconhecem chamados para fazer a diferença através da identidade eclesiológica e doutrinária que é herança do movimento metodista.
E como parte de uma Igreja histórica, temos nossos costumes, e há uma expectativa da Igreja em que eles sejam mantidos pelos cristãos e cristãs que dela participam.
Costumes? Mas o que são costumes?
Uma definição bem adequada da palavra é: “Costumes são todas as ações, práticas e atividades que fazem parte da tradição de uma comunidade ou sociedade e que estão profundamente relacionadas com sua identidade, com seu caráter único e sua história” (http://queconceito.com.br/costumes).
Costumes estão relacionados a estilo de vida, mas também a regras, preceitos e códigos de conduta. Assim é que John Wesley estabeleceu para os metodistas primitivos as chamadas “Regras Gerais” – hábitos que pessoas metodistas deveriam desenvolver como parte do seu compromisso com o cristianismo, em primeiro lugar, e com o movimento.
Como desdobramento das três regras gerais básicas do metodismo (Não praticar o mal; Zelosamente, praticar o bem; Atender às ordenanças de Deus), temos então algumas práticas que se esperam de quem se entende nesta vocação. Entre estas práticas está:
Observar os preceitos da Igreja e meios de graça que ela oferece, participando dos ofícios divinos e da Ceia do Senhor.
Ok, você poderia pensar – como muitos: os preceitos que eu sigo são da Palavra. E argumentar que às vezes a igreja estabelece preceitos que não estão na Bíblia. Poderíamos inclusive citar como exemplo o uso da bebida alcoólica, que não é proibido na Bíblia, mas que assumimos como voto; ou quem sabe quantas regras mais que estabelecemos com a intenção de dar bom andamento à missão e vida da Igreja.
Mas dois fatos precisam ser considerados quanto a isto: Primeiro, os preceitos da Igreja não ferem os princípios e preceitos da Palavra, antes são um desdobramento e interpretação da mesma. Segundo, quando assumimos nossos votos de metodistas, fizemos uma aliança, firmada em Cristo, com a denominação, então o Senhor espera que cumpramos estes votos.
Observar os preceitos da Igreja é uma atitude de amor, de honra! É zelar pela natureza de nosso chamado. E esta observância vai além do intelecto, ela se traduz em ação. Sendo assim, cabe praticar tais preceitos (os quais é preciso conhecer, é claro!).
Mas nem só de compromissos vive a pessoa metodista! Ela é desafiada a participar (com alegria) dos meios de graça e ofícios divinos em comunidade. Infelizmente isto tem se tornado peso para algumas pessoas, porque perderam a dimensão da Graça.
Participar de um culto ou reunião da igreja (ofícios divinos) deve ser um prazer para nós, assim como era para o salmista que escreveu
“alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor” – Sl 122.1
(ênfase no vamos – participação em comunidade).
Pensando nisto é preciso considerar que quando fazemos parte de algo em que acreditamos, normalmente não temos como peso os compromissos que isto envolve. Muitas vezes nos esforçamos para participar de grupos fora do âmbito da fé, mas não demonstramos o mesmo empenho em participar do corpo de Cristo. Se isto acontece, há algo errado.
Ainda há quem ache que pode desenvolver sua espiritualidade isoladamente, como efeito da mentalidade individualista que se desenvolve nos últimos tempos, mas isto é um engano. O próprio Deus nos desafia a viver em comunidade, porque sabe que somos “seres sociais” – que precisam de relacionamento.
Assim, ainda que algumas das regras estabelecidas pela Igreja possam nos trazer certo desconforto – o que não significa necessariamente que estejam erradas – a participação na vida da Igreja deve ser motivada pelo amor (primeiramente pelo Senhor que nos chamou para esta vocação e também pelos nossos irmãos e irmãs que compõem conosco a Igreja) e pela fé/convicção de que Deus mesmo nos chamou para florescer e frutificar onde Ele nos plantou – nossa Igreja.
Viver a fé, honrar os compromissos que assumimos quando nos tornamos membros da Igreja, participar da Ceia do Senhor, usufruir dos meios de graça – oração, jejum, estudo da palavra, comunhão com o povo de Deus, disciplina cristã, etc., sustentar a Igreja com nossos dízimos e contribuições, orações e presença, viver digna, justa e honestamente, tudo isso é mais do que uma imposição da Igreja. É parte da nossa identidade, do privilégio que o Senhor nos dá de viver nesta terra com uma vocação e de participar de uma família de fé, parte da Igreja de Cristo.
Então, num tempo de tantos questionamentos e contradições, somos desafiados e desafiadas a:
- Fazer tudo para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31)
- Fazer tudo com amor (1 Coríntios 16.14)
Que o Senhor nos sustente neste propósito!
Mauren Gomes Furtado Julião
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