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Credere quia absurdum

Atualizado: 29 de mai. de 2018

A expressão acima – “acredite porque é absurdo” - revela indignação por acontecimentos que observamos, presenciamos ou até mesmo quando ouvimos alguém relatar situações inacreditáveis. Essa semana o absurdo ocorreu na “limpeza” da região conhecida como Cracolândia, na cidade de São Paulo. Um funcionário da empresa contratada pela Prefeitura realizou a limpeza do local muito além do que deveria. Um morador de rua foi expulso com fortíssimos jatos de água fria. O infeliz trabalhador mal conseguia segurar a mangueira, mas insistiu em seu propósito: limpar toda a sujeira. Ele agiu de forma equivocada ao considerar que “aquele humano”, desprovido das condições básicas da vida, não se encontra nessa situação por opção, mas pela falta delas.

Absurdo também é constatar pessoas que justificam o que é injustificado. Eu ouvi um senhor dizer: “deviam lavar todos os dias, esses malandros precisam aprender...”. Pobre senhor! Ele não se referia apenas a limpeza do local...


Ao ver a cena na tv, me instigou saber a causa que levou o funcionário a cometer tal violência. Certamente não conhecerei o verdadeiro motivo. Mas, isto nos faz pensar. Talvez esse trabalhador seja desprovido de amor próprio, pois não consegue entender o mandamento: “amar ao próximo como a si mesmo”. Ou caminha no sentido que Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo polonês, afirma: “amar ao próximo como a si mesmo contraria o tipo de razão que a civilização promove: a razão do interesse próprio e da busca da felicidade”.


A falta de amor e de empatia e o desrespeito geram conflitos entre humanos. Se não tomarmos cuidado, o mal se instalará em nossos ambientes e em nosso interior. É comum cuidarmos dos relacionamentos pessoais em nossas igrejas. Mas vale a pena pensar em como contribuímos para amarmos e cultivarmos o amor ao próximo fora do arraial da igreja!


Talvez devêssemos iniciar este desafio com diálogos sobre o amor próprio. Amar a vida nos move a agarrá-la, a renovar a esperança, a resistir com dignidade, confiança e esperança ao “dia mau” ... este infelizmente faz parte da vida.

Gosto de pensar que Jesus ao apresentar o maior dos mandamentos, desejava humanizar as relações. É como se ele tivesse imaginado que um dia o “mal-estar da civilização”, como identificou Freud, seria instaurado e, por isso, sabiamente reforçaria: “amar ao próximo, mas antes, amar a si primeiro”.


Diante de tantos absurdos, onde os violentos “jatos d’água” são apenas um entre tantos, devemos nos mover, reagir e contribuir com diferentes possibilidades. Agir com convicção de fé: Credere potest quod amor – “acredite, o amor é possível”.

Patrícia Marques

Pastora na Igreja Metodista em Santana


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