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Do Espírito Santo (04)

“O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é de mesma substância, majestade e glória com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus”.

Esta é a definição que temos em nosso quarto Artigo de Religião – que no total são 25. Mas o que são esses artigos?

Pés de Jesus

O Prof. Duncan Alexander Reily, em Fundamentos Doutrinários do Metodismo, nos esclarece muito sobre o metodismo e sua origem. Uma parte de seu esclarecimento:


“Os Artigos de 1 a 4 tratam da resposta que a Igreja cristã deu à grande pergunta: Quem é Jesus Cristo? Na realidade, essa pergunta tem duas ramificações principais: 1) Quem é Jesus em relação a Deus Pai? e 2) Quem é Jesus em si mesmo? A primeira pergunta tem a ver com a Santíssima Trindade; a ela, a Igreja, nos primeiros dois Concílios Ecumênicos, respectivamente em Nicéia (325) e em Constantinopla (381), respondeu: “Jesus Cristo é plenamente Deus, a segunda pessoa da Trindade” (ao lado do Pai e do Espírito Santo). A segunda, a Igreja afirmou sua crença na encarnação, a saber, que Jesus é uma só pessoa que possui duas naturezas completas, a humana e a divina. A solução definitiva a essa questão só se obteve no quarto Concílio Ecumênico, o de Calcedônia (ano 451). Portanto, os Artigos de 1 a 3 colocam os metodistas na tradição do cristianismo histórico, o que inclui não apenas as Igrejas Protestantes, mas também a Igreja Ortodoxa e a Católica Romana. O Artigo no 4 se relaciona à doutrina da Trindade, e lembra a controvérsia no Concílio de Constantinopla onde se defendeu não apenas a plena divindade do Espírito Santo como também o Espírito Santo como pessoa (aliás, muitos falam ainda hoje como se o Espírito Santo fosse apenas uma “força” ou “poder” impessoal). Mas o Artigo ainda se refere a um momento na história do pensamento cristão quando Santo Agostinho, grande teólogo do Ocidente, manifestava temor com a tendência Oriental, desde Orígenes, de subordinar hierarquicamente o Filho ao Pai. Para contrabalançar essa tendência, Agostinho insistia que o Espírito Santo procedia igualmente ao Pai e ao Filho. Séculos mais tarde, quando a Igreja já havia assumido um determinado modo de ser compatível com as respectivas culturas do Oeste (Roma) e Leste (Constantinopla), foi esse ponto doutrinário (ou seja, a questão da procedência do Espírito Santo) que foi a “gota” que transbordou, resultando na triste ruptura entre o Cristianismo Ocidental e Oriental, em 1554, ou seja, entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa. O Artigo 4, portanto, nos coloca, é claro, com o Cristianismo Ocidental e não com o Oriental (o pensamento de Agostinho vai se tornar um elemento muito importante em nossa herança doutrinária, mormente na controvérsia pelagiana e no pensamento dos grandes Reformadores do Século XVI)” .

Da mesma forma, Mack B. Stokes em As Crenças Fundamentais dos Metodistas nos acrescenta que:


Em comum com todos os cristãos, nós metodistas cremos no Espírito Santo. Cremos que Deus não está somente “assentado sobre um alto e sublime trono” (Isaías 6.1), mas está mais próximo que as mãos, os pés e a própria respiração. Muitas vezes temos negligenciado a doutrina do Espírito Santo; outras tantas vezes não a compreendemos bem. Não obstante, sempre temos sido leais ao cristianismo neotestamentário na ênfase ao poder e à presença do Espírito Santo”.

Stokes também nos diz o que é o Espírito Santo:


“O que é o Espirito Santo? Ou melhor, quem é o Espírito? Ele é Deus na sua aproximação. Ele é Deus junto a nós, trabalhando em nós. Ele é a presença divina. É o Deus invisível repreendendo-nos por todo pensamento ou ato pecaminoso e confirmando-nos em todo o bem. Em outras palavras, o Espírito Santo é o poder do Cristo ressurreto a trabalhar no coração do homem. Paulo deixou um precedente para o nosso pensamento quando disse: ‘O Senhor é Espírito’ (2 Coríntios 3.17). Ele estava dizendo que devemos pensar no Espírito Santo como o Cristo Vivo a trabalhar em nós. Isso poupa o cristianismo das práticas esquisitas feitas em nome do Espírito, que beira à magia e à histeria. O Espírito Santo é grandíssimo poder invisível do Deus vivo que nos auxilia a imitar a Cristo em nosso viver diário. Jesus asseverou que o Espírito Santo “convencerá o mundo o pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8). Também Ele nos “guiará em toda a verdade” (João 16.13).

Ainda sobre os Artigos de Religião do Metodismo histórico, segundo o Pastor Edson Cortásio Sardinha:


“O Congresso da Inglaterra decretou os 42 Artigos de Religião, sob a orientação do Arcebispo Protestante da Igreja Anglicana, Tomás Cranmer (1489-1556). Cranmer quis excluir as crenças da Igreja Católica Romana e medievais que não tinham bases bíblicas e, ao mesmo tempo, preservar a Igreja inglesa na crença da Igreja universal. Portanto, os 42 Artigos não são um Credo da Igreja inglesa, mas uma conservação na fé bíblica do catolicismo (Igreja Universal) e uma exclusão das heresias católicas romanas papal. Em 1570 os Artigos passaram ao número de 39. João Wesley, como pastor anglicano, preparando e organizando o movimento metodista (o metodismo era uma “irmandade” dentro da Igreja Anglicana) para crescer e ser consolidado, copiou na íntegra 25 dos 39 Artigos de Religião usados pela Igreja Anglicana e publicou como os 25 Artigos de Religião e Fé do Movimento (irmandade) Metodista. Ele não escreveu nenhum artigo novo. Por isso, os 25 artigos de religião não são doutrinas suas ou criadas pelos metodistas. Ele simplesmente copiou integralmente, em geral palavra por palavra, e divulgou como artigo de fé. Wesley não tinha nenhum problema doutrinário com a Igreja Anglicana. Seu problema era a fé secularizada e sem vida prática. Faltava experiência com Deus. Por isso ele criou esta irmandade chamada metodismo dentro da Igreja anglicana. Ele omitiu quatorze artigos por entender que não tinham bases bíblicas suficientes ou apenas por não serem úteis a irmandade metodista. Ele conservou os 25 artigos de religião na íntegra porque entendia que era necessária uma base doutrinária para seus filhos e filhas na fé. Era uma base tradicional, bíblica e importante para manter o movimento a salvo das heresias que se propagavam em sua época”. Fonte.


Desta forma, temos na bibliografia da história do metodismo muitos argumentos que justificam a nossa crença no Espírito Santo. Contudo não posso deixar de testemunhar para você leitor/a algo pessoal.

Crer na presença do Espírito Santo, por crer, é fácil, porém, o melhor e muito melhor é poder viver experiências com Ele e por intermédio Dele.

Não poderei relatar aqui as que tenho vivido (desde de que comecei a buscá-Lo mais e mais), mas quero deixar para você que lê, um grande desafio: talvez você seja aquele ou aquela metodista de pré-berço e algumas coisas você não aceita, tudo bem, fique em paz, o Espírito Santo te respeita. Mas se você, como eu e muitas outras pessoas, se permitir viver o que o Espírito Santo (que é Deus) pode fazer em nós, por nós e por meio de nós, busque! Busque mesmo no Senhor. O Espírito Santo fala ao nosso coração nos dando direção, nos respondendo a questionamentos, nos desafiando a viver o novo Dele. Já fui um crente muito racional (não que eu tenha perdido a razão ou o juízo), mas me “larguei” nas águas do Espírito e saí da mesmice e passei a viver o sobrenatural que Deus pode e deseja nos proporcionar.


Fui amigo de um Pastor metodista (já falecido), Pastor Arlindo Mendes. Quem o conheceu sabe que o testemunho dele foi algo tremendo. Era um “metodistão” extra, hiper, superfechado a quase toda novidade, contudo quando foi tocado pelo Espírito Santo e se deixou “levar”, viveu o extraordinário do Senhor. Tenho buscado isso.


Assim deixo para você o desafio:

queira mais do Espírito Santo, abra-se para o novo de Deus e, com certeza, Ele derramará sobre a tua vida uma nova visão do que é o Seu amor,

poder e presença e você perceberá que crer no Espírito Santo não é apenas aceitar um fundamento doutrinário, mas é viver o sobrenatural de Deus aqui, agora.


Henrique Leal Garcia Duarte

Pastor na Igreja Metodista em Vila Nivi.


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