A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em nenhum testemunho das Escrituras e até repugnante à Palavra de Deus.
Encontramos no meio evangélico, ainda nos dias de hoje, uma série de princípios e valores católicos romanos que estão arraigados na cultura brasileira. Alguns desses costumes e valores são muito prejudiciais à fé em Cristo Jesus, como por exemplo, o falso entendimento de que as crianças devem ser batizadas simplesmente para não morrerem pagãs, como se o ato do batismo fosse mágico e independente de uma vida de prática cristã por parte dos pais e padrinhos. Outro exemplo está na crença da existência do purgatório, como possibilidade de mudança de vida após a morte. Esse será o tema do nosso compartilhar.
Nos tempos de João Wesley, acreditamos que, da mesma forma como na cultura dos nossos dias, a doutrina do purgatório fazia parte da cultura da Igreja de forma tão prejudicial a ponto de se tornar tema de um dos Vinte e Cinco Artigos de Religião.
Para entender melhor o significado do purgatório, precisamos entender como a Igreja Católica romana o define. No livro intitulado Catecismo da Igreja Católica, da Editora Loyola, encontramos nos itens 1030 e 1031 as seguintes afirmações: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados”. O Papa Bento 16, na encíclica Spe Salvi afirma que o purgatório é fonte de grande esperança para o católico.
Os católicos acreditam que a salvação obtida por Cristo é objetiva, mas que ainda existe uma salvação subjetiva, que tem relação direta com a pureza do coração. Segundo afirmam, alguns podem se salvar, mas como seus corações ainda não estão puros deverão passar pelo sofrimento através do fogo, para que possam, após esse tempo, desfrutar da eternidade ao lado de Deus, desta vez com seus corações purificados por meio do purgatório.
Para trazer uma base bíblica para tal doutrina, os católicos se utilizam do texto de 1 Coríntios 3.10-15, onde acreditam que o processo de purificação pelo fogo, citado pelo apóstolo Paulo, representa esse tempo que os “parcialmente” impuros serão purificados pelo fogo, no purgatório.
Essa doutrina católica vem colaborar para o esvaziamento do significado da salvação em Cristo Jesus, oferecendo uma falsa oportunidade de “repescagem”, como acontece em eventos esportivos, onde os times desclassificados no decorrer do campeonato, podem buscar uma nova oportunidade de voltar à competição e até chegar a vencê-la.
Não foi sem motivo que João Wesley classificou como “invenção fútil” essa doutrina. Além de não ter base bíblica, nem nos evangelhos e nem nos textos da Bíblia protestante, essa doutrina prega uma falsa verdade
que, se acreditada, esvazia o valor do sacrifício de Jesus e também permite que aquele que nela acredita, viva uma vida longe da busca da perfeição, visto que terá uma nova oportunidade no futuro de ser “purificado” e ter suas culpas purgadas por meio do sofrimento no fogo.
Um exemplo claro das escrituras, citado pelo próprio Senhor Jesus, está em Lucas 16.19-31, quando Cristo propõe a parábola sobre o rico e Lázaro. Nesse texto, Ele deixa claro que após a morte, cada um dos personagens foi levado a um lugar específico – o rico para o inferno e Lázaro para o “seio de Abraão” (seio entendido como abrigo, agasalho, fazendo uma referência ao acolhimento recebido no céu). Jesus afirma também, com muita objetividade, que não havia opção de mudança de lugar e que após a morte e o juízo final, o local de habitação eterna seria definido entre Céu ou Inferno, não havendo nenhum local intermediário, muito menos a possibilidade de “repescagem”.
Necessitamos reforçar em nossas convicções que existem apenas dois caminhos: a porta estreita e a porta larga. Não existe caminho do meio em relação à salvação, nem em relação à vida de santidade com o Senhor.
Em 1 Coríntios 6.9,10 o apóstolo Paulo afirma categoricamente, que nenhum praticante de pecado entrará no Reino de Deus. Não há exceções. Quem não busca uma vida de mudança, quem não está em processo de arrependimento e busca de mudança de vida, ou seja, quem não vive o processo da santificação, não poderá entrar no reino vindouro.
Desta forma, precisamos alinhar nossas vidas aos propósitos e desígnios do Senhor, buscando de todo o coração uma vida de santidade. Não somente a santidade exterior, mas principalmente a interior, que trata das motivações do nosso coração. Precisamos constantemente nos lembrar de que o objetivo principal de Deus é que vivamos uma vida reta diante Dele e das pessoas ao nosso redor.
Mesmo que pareça incomum, ainda hoje encontramos cristãos convictos de que terão mais uma oportunidade de corrigir suas vidas após sua morte. Pessoas sinceras que, diante dos desafios de viver uma vida santa e abandonar o pecado, não conseguem persistir e se amparam em doutrinas como a do purgatório, para desistir e aguardar uma nova oportunidade após a morte.
Que sejamos proclamadores da verdade, declarando que Deus é amor e justiça; que existe um Deus disposto a nos sustentar em toda e qualquer provação; que Jesus morreu na cruz não só para pagar o preço dos nossos pecados, mas para nos livrar dos sistemas e mecanismos que nos levam a pecar; que precisamos de Sua compaixão e misericórdia Enquanto Vivermos. Isaías 55.6 afirma: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”.
Haverá um tempo em que Deus não estará mais disponível para o arrependimento e a mudança de vida. Então, como afirma Jesus, haverá choro e ranger de dentes.
Sejamos verdadeiros discípulos de Jesus, pregando e testemunhando o evangelho a toda criatura, com amor, bondade, perseverança e principalmente, com santidade!
Em Cristo,
Mauro Salmeron Maiorini
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