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Dos deveres civis dos cristãos (23)

Louvo a Deus pelo convite que me foi feito para escrever algumas palavras que possam contribuir para a edificação e o crescimento de nossos leitores, em especial, poder abençoar a vida de todas as pessoas que tiverem acesso a este artigo. Quero deixar aqui registrado o meu sincero agradecimento pela confiança a mim dispensada.


Abordarei a temática “dos deveres civis dos cristãos” – o 23 Artigo dos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo Histórico, tendo como pano de fundo as orientações canônicas que dizem:

“É dever dos cristãos, especialmente dos ministros de Cristo, sujeitarem-se à autoridade suprema do país onde residem e empregarem todos os meios louváveis para inculcar obediência aos poderes legitimamente constituídos. Espera-se, portanto que os ministros e membros da igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos” (Cânones 2012, p. 46).



Com base neste documento, podemos perceber que nos últimos tempos muitas pessoas têm ignorado esta orientação canônica que exige uma postura diferenciada junto à sociedade;

não somente para os Pastores e Pastoras, mas também para toda a membresia. Homens e mulheres que escolheram caminhar sua vida cristã por meio da Igreja Metodista. E uma vez que eu escolhi “Ser Metodista”, preciso entender que existem leis e documentos os quais norteiam nossa caminhada e de modo algum podem ser ignorados. O Artigo segundo que trata de nossas doutrinas diz que:

“Doutrinas e costumes são princípios e normas pelas quais a Igreja Metodista se orienta, e são os mesmos aceitos pelo Metodismo Universal, fundamentados nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, única regra de fé e prática dos cristãos” (Art. 2o Cânones 2012, p. 37).


Assim sendo, entendemos que não podemos nos comportar de qualquer maneira e nem muito menos comprometer a ordem, a integridade e o bom funcionamento de nossa Igreja imputando sobre ela um peso com o qual não existe a necessidade dela estar comprometida e menos ainda, envolvida.


Fazemos parte de uma Igreja que possui doutrinas. Precisamos caminhar por elas tendo como objetivo maior o Reino de Deus

– que está muito acima da Instituição e que não pode, de nenhuma maneira, ser manchado ou envergonhado. A Palavra de Deus traz uma simples orientação no evangelho de Lucas no capítulo 17, nos versos um e dois:

E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!

Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos (Lucas 17.1,2).


O termo ôὐαὶ (ai de) tanto no grego como em português tem o mesmo peso, pois se trata de uma interjeição. Uma palavra invariável que exprime emoções, sensações, estado de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas (www.soportugues.com.br). Isto significa que diante de Deus as pessoas que se deixam influenciar para serem instrumento de escândalos e situações semelhantes, só Deus sabe o que as espera. “Ai de quem” – este é o termo. Deus é amor e misericórdia: “Aba Pai”,

Deus cuida e zela pela vida humana, mas haverá o dia em que Ele virá como juiz, como ladrão.

A Bíblia diz em 2 Timóteo 4.1: “Conjuro-te, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino”;  também vemos em Apocalipse 3.3: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei”. E também em Apocalipse 20.11-13: “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.

E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.

E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras”.


Textos que nos dão precedentes de que nosso comportamento para Deus não é irrelevante e sim extremamente relevante. Textos que colocam em xeque cada um de nós. E no dia em que a expressão “ai de quem” vier a ser revelada, cada um dará conta de si mesmo. Neste dia, as desculpas ou justificativas não ajudarão muito. Na verdade, não ajudarão em nada na vida de centenas ou milhares de pessoas que escolheram viver suas vidas fora do centro da vontade de Deus.


Estamos inseridos em uma Instituição a qual, escolhemos caminhar em nossa vida cristã dentro de seus princípios. Uma Instituição que possui documentos. Ao ser recebido como membro/a da Igreja Metodista ou ao ser consagrado/a ao ministério pastoral, assumimos votos. Estes votos precisam ser honrados para que não façamos votos de tolos. Sabemos o que nosso Deus pensa a respeito.


Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o.

Melhor é que não votes do que votares e não cumprires (Eclesiastes 5.4,5).


A Palavra de Deus – que é o nosso referencial como servos e servas do Senhor – nos mostra claramente que precisamos honrar nossa palavra empenhada em nossos votos.

Infelizmente muitos que se dizem cristãos têm se esquecido disso. Além do fato de que quando olhamos para os Cânones vemos que a ordenança é para que nos “sujeitemos à autoridade suprema do país onde residem”... O que nos propõe uma submissão tanto no aspecto civil como cidadão/ã brasileiro/a, como no aspecto institucional. Colocando-nos em condição de obediência plena aos nossos liderados. Mas por que isto é tão difícil? Temos em nós uma raiz adâmica que nos impulsiona automaticamente para uma vida de desobediência por sermos tendenciosos a fazer sempre o errado e não o certo. Isso podemos ver claramente, à luz da Palavra de Deus, quando observamos o apóstolo Paulo com suas inquietações de comportamento: “Pois não compreendo meu próprio modo de agir; porquanto o que quero, isso não pratico; entretanto, o que detesto, isso me entrego a fazer” (Romanos 7.15 KJA).


Paulo afirma não compreender o seu próprio comportamento por querer fazer a vontade do Espírito (Deus), mas sempre estar fazendo a vontade da carne (ele), vivendo assim uma vida de desalinhamento com a vontade de Deus. Nós não somos diferentes neste aspecto, o que de fato nos atrapalha, é não admitir esta nossa fragilidade assim como Paulo fazia.

Precisamos como homens e mulheres de Deus que dizemos ser, rever a todo tempo nossos princípios de obediência e autoridade. Será que temos sido obedientes de fato? Será que temos sido submissos de fato?

A orientação é clara no texto de Primeiro Pedro versos 13 e 14: “Por causa do Senhor, submetei-vos a toda autoridade constituída entre os povos; seja ao rei, como principais monarcas, seja aos governantes, como por ele enviados, para punir os praticantes do mal e honrar os que fazem o bem”. A Palavra de Deus é o caminho. Ela é a verdade e sua orientação é muito simples de entendimento nesta versão da Bíblia King James Atualizada. Por causa do Senhor, por causa do amor e da fidelidade que dizemos ter por Ele, Ele é o motivo que nos impulsiona a uma vida de obediência. Por isso nos submetemos a toda autoridade constituída.


Que o princípio de obediência reine em nossas vidas para que por meio dele possamos ajudar a todos/as que em nossa caminhada cristã cruzarem nosso caminho, ou de alguma forma, forem inseridos em nosso cotidiano. E assim, poderemos, por intermédio da graça e da misericórdia de Deus agindo em nós e por meio de nós, servir de referência para as pessoas à nossa volta que decidirem caminhar com Jesus.


Deus abençoe sua vida!


Gerson Rosa Sousa

Pastor na Igreja Metodista em Jardim Ranieri


Referências

Bíblia King James Atualizada (KJA)

IGREJA METODISTA. Cânones da Igreja Metodista 2012/2016. Piracicaba: Equilíbrio, 2012.

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