... José desceu Jesus, depositou-o num túmulo que tinha cavado na rocha e rolou uma pedra na entrada do túmulo. Maria de Magdala e Maria, mãe de José, olhavam onde o tinham posto. - Marcos 15.46a, 47
Para os romanos, o crucificado era um criminoso; para os judeus, um maldito. Para José de Arimatéia, Jesus, o Filho de Deus. O registro no livro de Deuteronômio apresenta a Lei que vigorava na época da morte de Jesus: “... seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia.” (Dt.21.23).
Possuidor não só de riquezas materiais, mas, de muita coragem e sabedoria, José de Arimatéia toma a iniciativa de preparar o corpo de Jesus, dando lhe um sepulcro e despedindo-se dele juntamente com as mulheres que ali se encontravam. Convicto de sua atuação em detrimento a Jesus, e como membro do Sinédrio, José de Arimatéia parece assinar uma sentença: Sim, sou discípulo desse crucificado, tenho parte com ele até o fim.
Dessa forma, Jesus foi sepultado dignamente. Certamente o mais completo silêncio pairou nesse sábado. Tristeza, abandono, solidão foram sentimentos vivenciados pelas discípulas e discípulos de Jesus. Provavelmente os minutos que seguiram ao sepultamento foram compartilhados com palavras semelhantes ao que Décio Lautetti descreve em “O sábado dos apóstolos”:
Que tristeza profunda
não temos a quem chamar
a única luz do mundo
agora apagada está
Sozinhos por entre os povos,
cercados de zombaria
o Mestre nunca existiu ...
confirma a maioria
Vazio que dói na alma
o Cristo acabou na cruz,
e toda promessa de paz
morreu com o próprio Jesus
Ressurreição não existe
não posso acreditar!
tudo será como antes
e agora volto a pescar.
Não é difícil compreendermos que o episódio da morte e sepultamento de Jesus foi a mais longa noite para seus amigos/as. Por um momento, eles/as esquecem as palavras de Jesus: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e o matarão, mas, três dias depois de sua morte, ressuscitará. (Mc 9.31).
É comum no luto, pensarmos que estamos sozinhos/as. É comum o sentimento de derrota mediante a morte. Jesus não temeu a morte. Sofreu até se entregar. Cumpriu com a vontade do Pai.
Certamente as mulheres indagaram José de Arimatéia:
- E agora José?
- E agora?
O terceiro dia nos dirá....
Patrícia Regina Moreira Marques
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