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  • Foto do escritorSede Regional 3RE

AS MÃOS DA SOCIEDADE PAULISTANA ESTÃO REPLETAS DE SANGUE... E NOSSOS OLHOS DE LÁGRIMA...

“as raposas têm covis, as aves dos céus, ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça...” - Mt. 8. 20

É lastimável a tragédia ocorrida no dia 1º de maio, no Largo do Paissandu, centro de São Paulo, quando um incêndio fez desabar um dos muitos edifícios ocupados pela população sem moradia. Vidas se perderam e isso poderia ter sido evitado. Uma somatória de negligências redundou no trágico desfecho.


Em discussão está o direito à moradia. O texto de Mateus registra uma frase de Jesus endereçada a um pretenso seguidor: “o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça...”. Na identificação de Deus com a humildade através da encarnação de Jesus, a solidariedade com pessoas, vítimas das mais variadas formas de sofrimento, dá-se nessa cena, em relação àqueles e aquelas que não têm lugar para morar.


Fiel ao Evangelho, a Igreja Metodista entende ser responsabilidade cristã zelar pelo bem estar integral do ser humano, conforme o primeiro destaque do nosso Credo Social (1). Em decorrência disso, entende que o Estado e suas diversas instâncias de governo devem cumprir seu papel “em defesa da vida... da pessoa humana... a promoção do bem comum mediante o desenvolvimento da justiça e da paz na ordem social”(2).


Em consonância com o Credo Social, o Plano para a Vida e Missão da Igreja reafirma:

A) HERANÇA WESLEYANA
Elementos fundamentais de Unidade Metodista.
f) o Metodismo demonstra permanente compromisso com o bem estar da pessoa total, não só espiritual, mas também em seus aspectos sociais (Lc. 4.16-20). Este compromisso é parte integrante de sua experiência de santificação e se constitui em expressão convicta do seu crescimento na graça e no amor de Deus. De modo especial, os metodistas se preocupam com a situação de penúria e miséria dos pobres. Como Wesley, combatem tenazmente os problemas sociais, políticos, econômicos e morais que determinam a miséria e a exploração e anunciando a libertação que o Evangelho de Jesus Cristo oferece às vítimas da opressão, essa compreensão abrangente da salvação faz com que os metodistas se comprometam com as lutas que visam a eliminar a pobreza e toda a fonte de discriminação. (Tg. 51-6; Gl. 5.1).

É evidente que a questão da moradia é um problema social grave decorrente de desigualdade econômica. O Direito Brasileiro protege a posse e a Constituição da República prevê que toda e qualquer propriedade deve atender a um fim social, porém os programas de financiamento de moradias populares têm sido insuficientes.


Assim, juntamente com o profundo lamento pela perda de vidas inocentes e participando também da dor da comunidade da Igreja Evangélica Luterana que teve parte do seu centenário templo destruído nesta tragédia, lamentamos a negligência das várias instâncias do Poder Público envolvidas e faz mea culpa na medida em que não contribuímos para que o problema social da falta de moradia fosse solucionado. Problema que, nesse caso, terminou em tamanho desastre.


Convidamos o povo metodista, pastores, pastoras, leigos e leigas, a orarem pelas famílias desabrigadas que perderam seus entes queridos, amigos e vizinhos na tragédia; a visitarem o Largo do Paissandu; a ter um olhar de amor para com as famílias sem moradia que vagueiam pelas grandes cidades de nosso país.


Na misericórdia do Senhor.


Tempo da Páscoa, 2018.

José Carlos Peres

Pastor e Bispo da Igreja Metodista 3RE

(1) VIDA E MISSÃO, decisões do XIII Concílio Geral da Igreja Metodista 18 a 28/07/1982, Credo Social da Igreja Metodista, IEP, Piracicaba. pg. 13.

(2) IDEM Ibidem: III Ordem Política, Social e Econômica.3. pg. 15


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