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O batismo (17)

Introdução

O batismo é um princípio e uma proposição imprescindíveis na vida cristã. É um sacramento, um ritual sagrado impregnado de significado. Como tal comunica a graça de Deus, isto é, o meio pelo qual Deus faz cumprir em nós a Sua vontade, a saber: que todos sejam salvos (1 Timóteo 2.4). O batismo tem um propósito específico na vida do crente e não pode e não deve ser relativizado e tampouco contemporizado. No Novo Testamento, o batismo de João Batista (Mateus 3.1-6), era para o arrependimento (Mateus 3.11), porém o batismo de Jesus, realizado pelos discípulos (João 4.1,2), era “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, utilizando a água como símbolo ritualístico desta aceitação e recepção do Reino de Deus pela presença da Trindade na vida do batizando.


Batismo adulto

1 – O que é o batismo?

Entendemos que

o batismo é um sinal visível da graça invisível de Deus, pelo qual nos tornamos participantes da comunhão com o Espírito Santo e herdeiros da vida eterna

(Romanos 8.17). (Carta Pastoral sobre os Sacramentos). É a aceitação do projeto de vida proposto por Jesus que sinaliza a entrada no Reino de Deus e no Corpo de Cristo – a Igreja.


O batismo é o modo que a palavra de Deus estabelece o reconhecimento da incorporação do fiel a Cristo e à comunidade de fé. É por meio dele também que somos agraciados com o dom do Espírito Santo (Atos 2.38) pela aceitação da mensagem de Jesus que nos leva a uma nova vida, regenerada, marcada pela unidade com Ele e com a comunidade dos que creem (Atos 2.41 e 44).


Seu significado é muito amplo e não devemos restringir seu conceito ou definição, uma vez que é a graça de Deus e, portanto sem limites. Podemos identificar alguns de seus significados sem a pretensão de esgotar o tema.


2 – Significado

2.1 Cristo em mim e eu Nele

Pelo batismo, sela-se o simbolismo da nova vida, que é a coparticipação do crente na glória do Pai, pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. Fomos sepultados com Ele e assim como Ele foi ressuscitado, nós também nascemos de novo, neste ato, pela morte do corpo do pecado justificado pelo seu sacrifício (Romanos 6.4-8). Significa reconhecer que fizemos parte da condenação pelo pecado, pelo que Cristo foi morto e sepultado, para com Ele tomar parte simbolicamente da ressurreição para uma vida transformada (Romanos 6.4). Significa simbolicamente ser afogado e morrer com todos os pecados por um lado e ressurgir uma nova pessoa, regenerada. O batismo não é só água, mas é a água contida no mandamento de Deus e ligada à Sua palavra e que nos une a Ele em Espírito (João 3.5).


O batismo como participação na morte e ressurreição de Cristo tem um significado que acompanha toda a vida de Jesus. É um sinal de pertença ao Reino de Deus recebido pelo próprio Jesus para nos apontar o caminho a ser reproduzido para sinalizar o Cristo em nós, Aquele que seguimos como discípulos/as.

É sinal de fé Nele. O derramar das águas é o derramar da graça de Deus por intermédio de Jesus. É a expressão de quem quer ver derramado em si a mente de Cristo, declarando, como Paulo, que: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Galátas 2.20).


Pelo batismo, o batizando está declarando, sua opção por Jesus, como dito, um ato de fé em Cristo, no Seu ministério e na Sua filiação (Galátas 3.26,27), bem como a aceitação de Sua morte e ressurreição como suficientes para a nossa salvação confirmando que estamos Nele e Ele em nós, por isto somos descendência de Abraão conforme a promessa (Galátas 3.29). O batismo não salva, mas sinaliza a sua fé naquele que pode salvar.

O batismo confirma a convicção da recepção da graça de Deus, onde os méritos humanos são excluídos diante da fé pela justificação em Cristo

(Efésios 2.8-10). É a oportunidade para testemunhar o que Cristo fez e faz na vida de quem O recebe, a saber, transforma e gera nova vida.


2.2 Somos integrados no Corpo de Cristo

Como ato de fé, o batismo nos identifica com o Corpo de Cristo – a Igreja. É por intermédio dele que admitimos, diante de Deus e daqueles que creem em Jesus, que nos tornamos parte de um único corpo unidos pelo Espírito (1 Coríntios 12.12,13), e com o propósito de edificação deste corpo cumprindo as obras que Ele mesmo nos comissionou, visando o bem comum da comunidade de fé. É pelo batismo que tornamos pública a nossa fé e testificamos nossa lealdade a Cristo unindo-nos com o povo de Deus que partilha desta mesma convicção e bebe do mesmo Espírito. Trata-se de um ato litúrgico de inserção em uma nova prática que só ocorre na dimensão pública da Igreja como corpo do qual Cristo é “o cabeça”. O batismo é simbolismo de pertença e unidade do povo de Deus representada como corpo – Corpo de Cristo.


Para a Igreja Cristã, o batismo substituiu, na nova aliança em Cristo, o sinal de pacto com Deus que a circuncisão representou no Antigo Testamento (Colossenses 2.11,12). Pacto é um compromisso de fidelidade assumido entre Deus e o seu povo. Quando Deus firmou o seu pacto com Abraão, estabeleceu um sinal que determinaria que, a partir de então, aquele povo seria de Sua propriedade peculiar – a circuncisão foi este sinal (Gênesis 17.10-12). Para os judeus a circuncisão era a forma de inserção do indivíduo na comunidade judaica. Sinal que se fazia na infância. A ausência da circuncisão significava que a pessoa não pertencia à comunidade de fé.


Da mesma forma,

o batismo com água e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é o meio de inserção do cristão na unidade do corpo de Cristo, a Igreja

(Gálatas 3.26-28), trazendo consigo todos os direitos e deveres para com esta família da qual fazemos parte por meio de Jesus e, pelo Espírito, somos dotados de capacidade de edificá-la em amor e cuidado como o próprio Cristo fez. O batismo é um ritual que nos confere uma pertença, uma garantia de inserção em uma comunidade de fé – uma Igreja – e ao próprio Reino de Deus do qual em Jesus já somos parte.


3 – As formas de batismo

O batismo na Igreja primitiva ocorreu em diversos lugares, circunstâncias e em situações distintas e até extremas. Ocorreu em lugares abertos, como por exemplo, o batismo de Lídia (Atos 16.13-15); o Eunuco (Ato 8.36-38) por Felipe onde havia um pouco de água; e do próprio Jesus (Mateus 3.16) que ocorreu em um rio. Há batismos que ocorreram em lugares fechados, por exemplo, o batismo do carcereiro em Atos 16.33 ou o de Paulo (Atos 9.17-19). É difícil imaginar água suficiente em uma casa para imergir alguém, ainda mais toda uma família. Temos ainda o batismo das três mil pessoas, descrito em Atos 2.41. É sabido que não havia ali em Jerusalém, água suficiente e disponível para tantas imersões. Diz o Dr. Edward Robinson, conhecido autor de um léxico grego, que contra a imersão dos três mil há uma dificuldade insuperável na falta de água – “Não existe um riacho na vizinhança de Jerusalém, durante o verão (a época de Pentecostes), excetuando-se o rego insignificante de Siloé de umas poucas varas de comprimento, e a cidade era abastecida de água, como ainda é hoje em dia, por cisternas e reservatórios públicos”. Essa água não só seria insuficiente, mas também não estaria à disposição dos apóstolos – já que era para o uso dos judeus e seus chefes que eram inimigos do evangelho.


Assim, as circunstâncias e locais onde os batismos foram realizados impossibilitavam a realização exclusivamente por imersão, por isto aceitamos o batismo pela água em três formas: Aspersão: é colocada um pouco de água sobre a cabeça da pessoa que está sendo batizada (Atos 2.41); Imersão: o batizando é totalmente imerso na água (Mateus 3.6; Atos 8.36-38); Derramamento/Efusão: consiste em derramar grande quantidade de água sobre a cabeça do batizando.


A forma do batismo não deve ser o foco da observância do cumprimento do rito, haja vista que há liberdade de escolha em nosso meio.

Nossos olhos devem voltar-se para o essencial: o arrependimento e a fé em Cristo que são pré-requisitos para quem deseja ser batizado (Atos 2.38).


4 – Batismo infantil

Deus chamou a Abraão e com ele estabeleceu um pacto que incluiu sua família e seus descendentes na Aliança (Gênesis 12.1-3; Gênesis 17.1-10). O selo espiritual da aliança foi a circuncisão (Romanos 4.16-18; Gálatas 3.8,9;14,16). A criança era circuncidada ao oitavo dia e a partir daí participava dos benefícios desta aliança (Gênesis 17.10; Isaías 54.10,13; Jeremias 31.34).


Uma vez substituído o ritual da circuncisão na Nova Aliança e estendido a todos os gentios, pelo batismo com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Colossenses 2.11,12), a criança, como na circuncisão, continua com seu direito garantido de se tornar parte do pacto de Deus. É a mudança de um ritual mantendo a dimensão inclusiva da graça de Deus.


No Novo Testamento, em Atos 2.38,39, Pedro diz que a promessa da salvação de Deus é para os judeus adultos e seus filhos. Nas primeiras comunidades cristãs, vários textos mostram que os convertidos levavam famílias inteiras (que naquela época incluía os escravos e todas as pessoas na casa) para serem batizadas em nome do Senhor Jesus. Os apóstolos batizaram “casas” (famílias) inteiras como a de Lídia (Atos 16.15); o carcereiro de Filipos (Atos 16.33); Estéfanes (1 Coríntios 1.16); e Crispo, o chefe da sinagoga de Corinto (Atos 18.8).

Deve-se levar em conta ainda a concepção cristã da pureza infantil, onde as crianças tiveram seu direito ao reino dos céus reconhecido pelo próprio Jesus

(Lucas 18.15-17). Por tudo isto, acreditamos que as crianças têm o direito ao batismo.


Patrícia Cristina da Silva Souza Alves

Pastora na Igreja Metodista em Diadema.


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