Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, e anunciarão as tuas proezas – Salmos 145.4.
Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos. Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos. Escreve-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas – Deuteronômio 11.18-20.
Na história recente de nosso país, foram realizados dois eventos nos quais as pessoas favoráveis diziam que, após a conclusão dos trabalhos preparativos para a recepção e após a realização dos eventos, o Brasil teria legados significativos. Falo da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016 – ocorridas na cidade do Rio de Janeiro. Finalizados os eventos, constatou-se que houve corrupção nos valores tratados para as obras dos estádios e arenas esportivas, entre outras coisas bem conhecidas por todos nós. O legado foi um rastro de sujeira que envergonha o país.
Quando falamos da Igreja Metodista há que se lembrar de que também recebemos um legado de nossos pais e avós, como ensina a Palavra de Deus: uma geração anunciará a outra geração as Tuas obras e os Teus maravilhosos feitos. Recebemos um legado de fé e de doutrinas bíblicas e wesleyanas que tem servido de guia orientadora para a nossa geração. Por sua vez, a nossa geração deverá passar este legado para a nova geração, na expectativa de que ela também leve adiante e colha os frutos desse legado.
Além da fé e das doutrinas, também recebemos construções de templos que nos acolhem confortavelmente. Compete a nós o cuidado e a manutenção para mantê-los em bom estado de conservação. Temos também o desafio de construir outros templos para as gerações futuras.
Falando aos Pastores e Pastoras, pontuei sobre este tema em dois pontos:
1. Que legado recebemos dos Pastores e Pastoras que nos antecederam? Como estamos cuidando desse legado? Respondendo às questões propostas neste primeiro ponto, levantei o seguinte:
a) Igrejas prontas, referindo-me às pessoas que congregam conosco. Nossa geração não fez nenhum esforço para conquistá-las, portanto devemos cuidar com muito carinho dos irmãos e irmãs que conheceram o poder salvador de Cristo por intermédio de outros obreiros e obreiras. Isto sem deixar de levar novas pessoas aos pés de Cristo, pois o poder de salvá-las continua o mesmo. Se Deus utilizou Pastores e Pastoras no passado, certamente nos abençoará para que conquistemos novas ovelhas para compor o Seu rebanho;
b) Pregação com textos bem elaborados, referindo-me ao tempo em que Pastores e Pastoras se dedicavam à preparação do sermão. Acredito que devemos nos preparar com o estudo da Palavra, a leitura de comentários bíblicos e com jejuns e orações, para que não falte poder impactante em nossa pregação;
c) Visitação constante aos membros. Lembro-me de que mesmo morando em local distante da Igreja, minha família recebeu muitas visitas pastorais. Embora o contexto na cidade grande seja diferente, acredito ser possível encontrar meios para o pastoreio mais próximo das famílias que compõem o rebanho por nós pastoreado;
d) Templos construídos em São Paulo. Quem não se maravilha com a construção do templo que abriga a Catedral Metodista? Certamente, houve ali a dedicação e muito trabalho de irmãos e irmãs que nos antecederam, demostrando visão de futuro. Eles desejavam dar o seu melhor para Deus. Assim, muitos outros templos que estão abrigando o nosso povo, foram construídos pela geração passada. Devemos respeito aos nossos remanescentes de um passado que está ficando na saudade.
Entendo que a geração que nos antecedeu viveu em um período em que o contexto era muito diferente do atual. As mudanças culturais e tecnológicas eram mais estáveis. O povo respeitava suas autoridades; não tinham tantos apelos às diversões como hoje, concorrendo com os Cultos. Mas outras dificuldades próprias do período existiam; dificuldades para a obra de Deus ser realizada sempre existiu e sempre existirá.
Lembrem-se de cuidar bem do legado recebido.
2. Que legado estamos deixando para a próxima geração de Pastores e Pastoras, incluindo a nossa família? Como estamos cuidando do legado recebido, levando em consideração o nosso contexto? Respondendo às questões do segundo ponto, considerei o que segue, em função de peculiaridades do tempo presente:
a) Pelo que observo, nossa geração tem encontrado dificuldades para manter as conquistas da geração passada. Encontramos Igrejas com dificuldade de se manter com os seus próprios recursos e de sustentar o ministério pastoral; b) Desconfio que o fato esteja em que a atual geração não confia plenamente em Deus como se confiava no passado. Explico: b.1 – Valores antes firmados no povo da Igreja são questionados a todo momento; b.2 – Autoridades em diversos setores são constantemente afrontadas; b.3 – a soberania de Deus, a Igreja Cristã e Cristo como únicos caminhos para a salvação do ser humano, são colocados em xeque a todo momento; c) Nossa geração está envolvida em uma ebulição tremenda e está muito difícil encontrar perspectivas que deem segurança. Corre-se o risco de se conformar com as propostas do “politicamente correto” para se manter respirando, ao invés de morrer pelos princípios eternos do Evangelho como nos primórdios da Igreja Cristã.
Levando-se em consideração o contexto atual, sugiro que a Igreja se achegue aos Pastores e às Pastoras – que são fiéis aos mandamentos de nosso Senhor Jesus Cristo –, para ser devidamente cuidada por eles e por elas.
Que os Pastores e as Pastoras se cerquem de companheiros e companheiras que sejam idôneos e idôneas para que possam mentorear, ouvir e aconselhar cada um de vocês para que tenham saúde emocional e possam cuidar bem de suas famílias, desenvolvendo relacionamentos saudáveis no corpo pastoral.
Que Deus ponha favoravelmente sobre nós a luz de Seu rosto e nos abençoe.
José Carlos Peres
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