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Foto do escritorSede Regional 3RE

UMA IGREJA PARA A CIDADE

Sal e luz do mundo


No dia da inauguração do templo da Igreja Metodista em Santana de Parnaíba, ministrei sobre “Uma Igreja para a Cidade”.

Como Igreja, necessitamos definir o propósito para o seu envolvimento missionário. Com o propósito definido é imprescindível manter o foco para que o objetivo seja alcançado.

Pontuarei alguns conselhos que julgo importantes para que o desafio seja conquistado. Primeiro, vamos ler a Palavra de Deus em Mateus 5.13-16:


13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;

15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.

16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.



Para ser uma Igreja relevante para a cidade – ela precisa seguir a orientação bíblica. No texto lido somos comparados ao sal e à luz, coisas que marcam a presença de Deus na vida da comunidade. Deixe de colocar sal na comida e ela ficará sem sabor. Apague a luz à noite e veja como a escuridão envolve todo o ambiente. Sal sem sabor não serve para nada. Lâmpada queimada, também não cumpre sua finalidade. Assim também é a Igreja: se não cumprir sua missão deixa de ser relevante.


A Igreja é uma agência da manifestação do poder de Deus e serve para cumprir os propósitos do Reino e é cristocêntrica.

Cristo é o fundamento no qual estamos edificados como Igreja. Não devemos lançar outros fundamentos e sim cumprir as ordenanças estabelecidas no Evangelho do nosso Senhor.

As ordenanças de Cristo foram seguidas à risca pelos apóstolos e pelos primeiros/as discípulos/as e a Igreja floresceu.


Com o passar do tempo, ainda na Igreja primitiva, algumas coisas foram fundamentadas no antropocentrismo, ou seja, em filosofias do conhecimento humano que ameaçaram a doutrina cristã. Houve concílios entre os apóstolos, como o descrito em Atos 15, e depois os concílios ecumênicos, dos quais a Igreja Metodista segue a orientação doutrinária dos cinco primeiros (Em Marcha – 1988). Os pensamentos filosóficos que negavam os princípios cristãos foram rejeitados pela Igreja e tidos como hereges.


Hoje, no afã do crescimento, a Igreja cristã tem aberto mão de princípios doutrinários nos quais durante milênios sempre esteve firmada. Por falta de formação de discípulos/as, por meio de catecumenato forte, em que se estudem os fundamentos de nossa fé, criam-se líderes sem nenhuma fundamentação bíblica e que interpretam a Palavra de Deus conforme o desejo de seu coração e se moldam por aquilo que sentem.


Princípios bíblicos que fundamentam a fé cristã


São muitos os princípios que dão fundamento à fé cristã. Já se escreveu bastante a esse respeito. Destaco três deles:


Primeiro:

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” – Atos 4.12.


Esta afirmação estava muito clara para os primeiros cristãos. Não existe salvação fora de Cristo. O fundamento humanista tem dito que todas as religiões conduzem a Deus e têm potencial para salvar as pessoas. Vejam um trecho do livro “A Cabana”:


“– Os que me amam estão em tosos os sistemas que existem, São budistas ou mórmons, artistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos, e iraquianos, judeus e palestinos. Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados.

— Isso significa que todas as estradas levam a você?

— De jeito nenhum – sorriu Jesus enquanto estendia a mão para a porta da oficina. – A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. “O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês” (página 168).


Ilustro com esta menção algo que entrou no coração de algumas Igrejas que estão deixando o fundamento da doutrina apostólica. Justo Gonzales, no livro “No Creáis a Todo Espíritu”, cita o teólogo Irineo, e diz que para uma mentira ser aceita como verdade é preciso que ela tenha certa quantidade de verdade, caso contrário não se acredita nela e as heresias são estabelecidas desta forma (páginas 11 e 12).


Para ser uma Igreja cristã que marque presença na cidade tem que ser fundamentada na doutrina bíblica.


Segundo:

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” – João 1.12.


A Palavra de Deus afirma que Deus cuida de toda a criatura feita por Ele. No Evangelho de Mateus (6.26-28) somos orientados a observar as aves e os lírios do campo, para ver o cuidado que Deus despende para as suas criaturas desafiando-nos que confiemos Nele para o nosso sustento.


Entretanto criaturas humanas são alçadas a condição de filhos e filhas de Deus quando O recebe em seu coração (Romanos 10.9-10).


Há um pensamento generalizado, em meio ao povo e até entre alguns que professam a fé cristã, que todo o ser humano é filho/a de Deus. Não podemos distorcer a verdade bíblica para acomodar nossos pensamentos e convicções pessoais. Justo Gonzales, embasado em 1 João 4.1-3, orienta que o povo cristão deve testar todos os espíritos, inclui-se aí o que se ensina sobre a fé cristã, para ver se procedem de Deus. Aqueles ensinos que são reprovados no teste da Palavra de Deus devem ser rejeitados e tidos como hereges; trata-se de falsa verdade com o propósito diabólico de desviar os crentes do caminho verdadeiro como se encontra nas Escrituras Sagradas.


Para ser uma Igreja cristã que marque presença na cidade tem que ser fundamentada na doutrina bíblica.


Terceiro:

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” – João 13.34,35.


Falar sobre o amor é algo muito abrangente. Vou delinear alguns aspectos desta questão.

Quando Jesus ensina sobre o amor, Sua orientação é para que o amor seja também aplicado nas relações que estejam fora do nosso círculo familiar e de amigos/as; deste modo até os inimigos devem ser amados e serem objeto de nossas orações

(Lucas 6.27-35).


Um conceito errado sobre o amor é pensar que concordar com coisas erradas e pecados que a pessoa comete é demonstração de amor. O erro deve ser corrigido, pois a Palavra diz que o Senhor disciplina e corrige a quem Ele ama e recebe como filho/a (Provérbios 3.12; Hebreus 12.5-10). Este engano é cometido por muitas pessoas (cristãs ou não).


Jesus quando por amor foi enviado a nós, ainda éramos pecadores/as. Ele andou com pecadores/as e pessoas impuras, não para viver segundo o que eles/elas faziam, mas para que eles/elas fossem salvos: o caso dos leprosos (só o samaritano voltou para agradecer); do cego (Bartimeu); da prostituta (Maria Madalena); e dos cobradores de impostos (Mateus e Zaqueu). Jesus não se tornou pecador ou impuro por andar com eles, mas porque andou com eles houve mudança de vida e salvação.


Para ser uma Igreja cristã que marque presença na cidade tem que ser fundamentada na doutrina bíblica.


Envio missionário

A Igreja para a cidade deve se envolver com as necessidades das pessoas. Deve ajudá-las a vencer suas dificuldades e problemas. Ser solidária diante de suas dores. Realizar todas as boas obras que forem possíveis. Deve também denunciar o pecado e anunciar o juízo de Deus.


Existem Igrejas que se propõem a realizar coisas para as quais não foram chamadas a fazer e nem a ser.

Pessoas quando vêm à Igreja procuram alguma coisa que possa trazer auxílio diante do seu sofrimento; cura para suas feridas; alívio para suas almas. Procuram por libertação das coisas que as estão oprimindo.

As pessoas necessitam ouvir as mesmas palavras pronunciadas por Jesus Cristo:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve – Mateus 11.28-30


A Igreja trabalha conforme o envio missionário feito por Jesus, manifestando à cidade o poder e o amor de Deus.


José Carlos Peres

Bispo presidente da Igreja Metodista 3RE


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