Que a Graça e a Paz do nosso bom Deus, sejam com vocês e seus familiares em todo o tempo.
O Colégio Episcopal, em sua carta pastoral para o ano de 2018, apresentou o tema “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão servem com integridade”. Vamos ouvir e trabalhar e refletir bastante sobre a amplitude desse tema: como ser discípulo e discípula? Que discipulado queremos? Quais os caminhos da missão? As dimensões do servir e, por fim, a integridade cristã.
Nessa perspectiva, faço uma reflexão sobre uma das “festas” mais famosas do nosso país, e como ela pode refletir o caráter de nossa nação e os desafios de nossa missão.
No Brasil costuma-se falar que o ano só inicia após o Carnaval, refletindo a imensa importância cultural que essa festa tem.
Introdução
Há uma música de Jorge Ben Jor, lançada em 1969, chamada País Tropical, nela diz: “em fevereiro tem carnaval”. É uma forma de enaltecer a festa que move milhões de brasileiros e brasileiras, atraindo turistas de diversas partes do mundo. Para organização deste evento, as agências promotoras do carnaval têm recebido, ao longo dos anos, verbas altíssimas da área da cultura para ajudar nos desfiles de escolas de samba, que ocupam durante três dias e às vezes a semana inteira, as ruas dos grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e também São Paulo. No Rio de Janeiro e São Paulo foram construídos sambódromos, para que as escolas de samba pudessem mostrar ao público, suas evoluções e coreografia durante o canto apaixonado do samba enredo. Repito, são gastos, montantes elevadíssimos para patrocinar essas apresentações. Enquanto houver carnaval e jogo de futebol para o povo brasileiro, estará tudo certo, afinal, são momentos em que a população que frequenta os sambódromos pode realizar sua catarse emocional e existencial, sendo anestesiados em relação aos desmandos pelos quais passa a Nação. Quero discorrer sobre o Carnaval à luz da bíblia.
O que é o Carnaval?
Carnaval, um termo que tem origem no latim, e provavelmente, o substantivo significa “adeus à carne”. O Carnaval é uma festa popular sempre que acontece antes do período da Quaresma. Quando pesquisamos a Palavra de Deus, nada se encontra em páginas que faça alusão ao Carnaval.
O Carnaval não existia nos tempos antigos?
Observando a vida de Paulo, de Barnabé e de outros líderes eclesiásticos, percebe-se que o Carnaval não existia nos tempos da Bíblia. O Carnaval surgiu alguns séculos depois de Cristo. Algumas culturas antigas realizavam festas muito parecidas com o Carnaval durante o período da primavera, essas festas podem ter influenciado o Cristianismo. A tradição da Igreja Católica revela que o Carnaval se tornou uma celebração festiva em função da privação e penitência imposto pela Quaresma, pois os fiéis não comiam carne e nem se divertiam enquanto durasse a Quaresma. Um dia antes do início da Quaresma, as pessoas aproveitavam o último dia de liberdade para comer e desfrutar dos prazeres da carne, assim, surge o Carnaval.
O Carnaval à luz da Bíblia
O Carnaval é marcado pela prática de libertinagem e excessos são cometidos durante os dias de folia. A Palavra de Deus ensina que devemos ser moderados/as bem como ter domínio próprio. A imoralidade sexual, o uso abusivo de drogas, violência, entre outras coisas, que não são aceitáveis em qualquer outro momento do ano, são tidas como normais durante o período carnavalesco. Somos orientados/as segundo a fé cristã, pelas Escrituras Sagradas a nos mantermos distantes de imoralidades sexuais e impurezas:
Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? – 1 Coríntios 6.18,19.
Logo, o que a tradição popular ensina sobre podermos cometer todo tipo de atrocidade durante o Carnaval, fazendo coisas erradas e entregando-se à prática de atos imorais e promíscuos, não condiz com a orientação bíblica, trata-se de desvio na conduta religiosa. O desejo de um cristão e de uma cristã é o de não pecar contra a santidade do seu Senhor. Creio que uma vida transformada por Jesus Cristo não comete atos que O desagradam. Este princípio deve ser observado em todos os nossos dias, inclusive durante o período do Carnaval. Muitas de nossas Igrejas se retiram para ter um tempo de aproximação de Deus e se dedicam às orações e vigílias para desenvolvimento de sua relação de intimidade com o Pai.
Crente pode celebrar o Carnaval?
É necessário precaver-se, não somente durante o Carnaval, pois, diariamente somos tentados pelo pecado e nesse período a tentação bate à porta com mais intensidade. Entretanto, Paulo em 1 Coríntios 10.12-13, dá a seguinte orientação:
Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.
Meu conselho e palavra episcopal é que não somente nesses dias de Carnaval, mas em todos os aspectos de sua vida e de sua caminhada você se envolva com coisas que são realmente importantes e que promovam a vida abundante que Deus em Cristo nos proporciona. Participe em retiros espirituais ou em programas de evangelização promovidos por sua Igreja durante todo o ano.
Santifique-se como deseja o nosso Deus:
Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus. Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação – 1 Tessalonicenses 4.3-7.
Que Deus ilumine os seus passos durante os dias de sua vida, nos caminhos da missão. Que sua vida seja instrumento para a manifestação do amor de Deus às pessoas que estão ao seu redor, com santidade e integridade.
Do Pastor e irmão na fé.
por José Carlos Peres
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