“Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida”
(Apocalipse 2.10).
Introdução
Conversando sobre fidelidade ao Senhor, perguntei a um casal: “Quando vocês ouvem falar que alguém está em pecado, o que é que lhes vem à cabeça?”. A resposta: “Que este alguém está em adultério; ou está magoado com outra pessoa que tenha lhe ferido de alguma forma e não consegue liberar perdão; ou ainda, este alguém entrou no caminho da embriaguez em finais de semana, participando em happy hour”. Talvez o irmão ou a irmã, tenha uma opinião diferente da desse casal. Entendo que outras respostas não seriam muito diferentes das pontuadas. A compreensão que se tem sobre o pecado envolve aspectos de padrões morais e éticos de comportamento determinados pela Palavra de Deus.
Analisando as respostas dadas – e as possíveis que poderiam ter sido dadas –, considerei sobre
o que Deus estaria falando quando exorta sobre a fidelidade em carta destinada à Igreja em Esmirna.
A profundidade de sua exortação vai além dos padrões da moral e da ética. É importante observá-los, mas devemos considerar o que a Igreja vive no seu dia a dia. A data apresentada no comentário da Bíblia Missionária de Estudo, página 1341, coloca o texto no ano de 95 d.C. O Imperador romano era Domiciano. Toda a região em que a Igreja Cristã se estabeleceu estava sob o domínio desse imperador. Vida dura enfrentaram nossos irmãos e irmãs do passado bem remoto. Foi uma época de muitas perseguições. A exigência era a de cultuar ao Imperador ao invés de cultuar a Deus. Nesta época, a Igreja se posicionou contrária apesar do decreto do imperador. A ação proposta no decreto violava intensamente a determinação dada ao povo: “Adorarás somente ao Senhor teu Deus”.
João fala da fidelidade e como caminhar segundo os princípios do Reino de Deus. Toda a palavra que pronunciamos em nome de Deus, nos fará refletir se queremos seguir ao Senhor.
É necessário ouvir a orientação divina e sermos cumpridores da esperança manifestada por Deus, por intermédio de Sua Palavra.
O contexto em que vivemos
O mundo contemporâneo é conhecido como o mundo da sociedade líquida. Coloca o indivíduo centrado em si mesmo e os valores fluidos que orientam o seu dia a dia. Esses valores são descartáveis. O conceito dado é que tudo passa rapidamente e que ninguém dispõe de tempo para refletir sobre a visão de mundo para a Igreja Cristã. A sociedade tem colocado como conto literário as coisas que se referem a Deus. Encontra-se entre os teólogos quem pense que nossa conduta diária, nos diversos níveis de relacionamentos, deve ser pautada pelo testemunho santo, que fará a diferença em um mundo caótico.
Os primeiros servos do nosso Deus, dentro dos princípios revelados na Palavra do Senhor, trabalhavam diariamente na promoção dos valores cristãos mesmo sabendo que corriam risco de morte. Deus estava no comando daquela Igreja!
Alerta à Igreja
As Escrituras Sagradas alertam que viriam aqueles que nos fariam apostatar da fé (1 Timóteo 4.1). Cabe à Igreja, de forma global e individualmente, e a cada um de nós, a manutenção da fé recebida de irmãos e irmãs fiéis a Deus.
A Igreja é guardiã da preciosa tradição cristã. Tradição que se perde a cada geração que passa.
O Senhor, em sua onisciência, certamente já sabia disso e pontuou acontecimentos que maculariam o legado cristão. Ele determinou que a Sua Palavra não passaria (Mateus 24.35; Marcos 13.31; Lucas 21.33). Pode o mundo mudar; podem os teólogos questionar, por meio de teses brilhantes e convincentes, os princípios de Deus, isso não mudará as coisas que são eternas. As Palavras do Senhor jamais passarão, estarão sempre em vigor.
O que nos leva a pensar sobre fidelidade
Alguns temas da fé cristã estão ficando fora das pregações feitas em nossas Igrejas.
Pastores e Pastoras estão pregando sobre temas que alegram o coração dos seus ouvintes, mas que não geram o senso de pertença a uma comunidade e nem os levam a decisões de comprometimento com o Reino de Deus.
O povo cristão leva a vida sem conhecimento. A falta de conhecimento conduz ao erro: “Errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22.29). Oséias já alertava, em seu tempo, que o povo perecia por falta de conhecimento (Oséias 4.6).
Fidelidade é um tema que precisa ser tratado na Igreja; ela nos dá a coroa da vida. Erramos em pensar que os irmãos e as irmãs já se tornaram maduros na fé; falamos sobre questões que mantêm a Igreja nos trilhos da salvação e da santidade. A tendência é deixar a vida transcorrer normalmente. Há a necessidade de apontar placas orientadoras que guiem o povo de Deus.
Percorremos um longo caminho e se não prestarmos atenção na sinalização divina deixada em Sua Palavra, vamos nos perder e aportar em lugares de morte.
Sem pregações que orientam as questões da fé, os irmãos e as irmãs deixam de andar nos trilhos seguros do caminho do Senhor.
As pregações feitas, raramente fazem menção ao pecado; não apresentam a fidelidade como preceito a ser observado pela Igreja. Não mencionam que honrar compromissos assumidos diante do altar necessitam ser cumpridos. Muitas pessoas, que se dizem fiéis em tudo, deixam de trazer dízimos e ofertas para o sustento da Igreja. Observa-se que
muitos irmãos e irmãs têm ignorado práticas bíblicas vitais para a manutenção da obra realizada pela Igreja.
Pense! Há quanto tempo você não contribui com o dízimo? Na questão da fidelidade, você tem sido fiel, visto que o dízimo é a Palavra de Deus e o meio escolhido por Ele para o sustento da Igreja? Mencionei esta questão por entender que neste quesito a maioria dos irmãos e irmãs, e até mesmo alguns Pastores e Pastoras, pecam. O desafio da fidelidade para que a coroa da vida nos seja dada, permanece até hoje.
Consideração final
A Igreja do primeiro século, diante de todas as dificuldades enfrentadas com o risco de morte iminente, com o povo escravizado pela dominação romana, foi desafiada a permanecer fiel mesmo em circunstâncias difíceis. O desafio permanece para nossos dias. A situação é complicada; enfrentamos dificuldades, mas Deus espera de nós fidelidade.
Sejamos fiéis!
Do Pastor e irmão na fé,
José Carlos Peres
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