A Guerra na Síria teve início em 2011, quando houve uma série de protestos contra o governo de Bashar al-Assad (Primavera Árabe).
A guerra afetou em cheio a população civil estimada em mais de 24 milhões de pessoas nos primeiros cinco anos e ainda não terminou.
Alguns dados importantes levantados pela professora de história Juliana Bezerra, postado no site: https://www.todamateria.com.br/guerra-na-siria/:
O Motivo
A Guerra na Síria foi deflagrada quando um grupo de cidadãos se indignou com as denúncias de corrupção reveladas pelo WikiLeaks.
Em março de 2011, são realizados protestos ao sul de Derra a favor da democracia. A população revoltou-se contra a prisão de adolescentes que escreveram palavras revolucionárias nas paredes de uma escola.
Como resposta ao protesto, o governo ordenou às forças de segurança que abrissem fogo contra os manifestantes causando várias mortes. A população revoltou-se contra a repressão e exigiu a renúncia do presidente Bashar al-Assad.
A região do Oriente Médio e Norte da África era sacudida por uma onda de protestos contra o governo que ficaram conhecidas como Primavera Árabe.
Em alguns casos como o da Líbia, o dirigente máximo do país foi afastado. Entretanto, o presidente sírio respondeu com violência e usou o Exército para se reprimir os manifestantes.
Por sua vez, a oposição começa a armar-se e lutar contra as forças de segurança. Brigadas formadas por rebeldes começam a controlar cidades, o campo e as vilas, apoiados por países ocidentais como Estados Unidos, França, Canadá, etc.
Milhares de pessoas deixam a Síria e se refugiam na Turquia.
Os dois lados do conflito começam a impor o bloqueio de alimentos aos civis. Também é interrompido ou limitado o acesso à água. Por diversas vezes, as forças humanitárias são impedidas de entrar na zona de conflito.
Além disso, o Estado Islâmico aproveita a fragilidade do país e se lança a conquistar cidades importantes em território sírio.
Sobreviventes relatam que são impostos duros castigos para quem não aceita suas regras. Entre eles estão: espancamentos, estupros coletivos, execuções públicas e mutilações.
Forças Beligerantes
É preciso entender que quatro forças distintas atuam no conflito:
República Árabe Síria – liderados pelo presidente, as Forças Armadas sírias tentam manter o presidente no poder e enfrentam três inimigos distintos. Tem o suporte do Iraque, Irã, Hezbollah libanês e Rússia.
Exército Síria Livre – está formado por vários grupos que se rebelaram contra al-Assad após o começo do conflito em 2011. Recebem apoio da Turquia, Arábia Saudita e Quatar.
Partido da União Democrática – formado pelos curdos, este grupo armado reivindica a autonomia do povo curdo dentro da Síria. Desta maneira, curdos iraquianos e turcos se envolveram nesta luta. Tanto o Exército Síria Livre quanto os curdos recebem o apoio de Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá, etc. No entanto, o presidente Barack Obama e seu sucessor, Trump, se recusam a intervir militarmente na região.
Estado Islâmico – seu principal objetivo é declarar um califado na região. Apesar de terem capturados cidades importantes foram derrotados pelas potências ocidentais.
Além disso, o conflito é alimentado pela diferença sectária de sunitas e xiitas.
Resumo
Julho de 2011
Milhares de manifestantes voltaram às ruas e foram reprimidos pelas forças de segurança de Bashar al-Assad.
Julho de 2012
Os combates chegam a Alepo, a maior cidade do país, antes do conflito.
A maioria sunita passa a se manifestar. Cresce a importância do grupo jihadista Estado Islâmico, dentro da guerra.
Junho de 2013
A ONU anuncia que 90 mil pessoas morreram até aquela data como resultado dos conflitos.
Agosto de 2013
Centenas morrem após um foguete despejar um agente químico nos subúrbios de Damasco. O governo culpa os rebeldes.
Junho de 2014
O Estado Islâmico toma o controle de parte da Síria e do Iraque e proclama a criação de um califado, porém os ataques cessam quando os Estados Unidos ameaçam intervir no conflito.
Abril a julho de 2014
A OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) registra o uso sistemático de armas químicas.
Setembro de 2014
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos lança um ataque aéreo contra a Síria.
A Rússia inicia ataques aéreos e é acusada de matar rebeldes e civis com apoio do ocidente.
Surgem as alianças políticas, como a Coalizão Nacional da Síria Revolucionária e das Forças de Oposição.
Agosto de 2015
Combatentes do Estado Islâmico promovem assassinatos em massa, a maioria por decapitação.
O Estado Islâmico usa armas químicas na cidade de Marea.
Sírios tentam chegar à Europa pela costa da Grécia
Março de 2016
As forças de Al-Assad reconquistam a cidade de Palmira das mãos do Estado Islâmico. Durante todo o ano de 2016 são feitas algumas reuniões entre as partes beligerantes a fim de alcançar a paz.
Setembro de 2016
As forças russas e exército sírio bombardeiam Alepo e reconquistam. A batalha pela cidade durou quatro anos e se tratava de um ponto estratégico importante, pois é a segunda cidade mais importante do país.
Janeiro de 2017
Começam as negociações que serão conhecidas como o "Processo de Astana" quando vários atores da guerra tentam negociar um cessar-fogo. O Acordo de Astana foi ratificado apenas por Russa, Irã e Turquia, não sendo ratificado pelo governo sírio ou a oposição no exílio.
Abril de 2017
O Exército sírio lança um ataque com gás sarin à população civil da cidade de Khan Shaykhun. no dia 4 de abri, deixando uma centena de mortos. Como resposta, pela primeira vez, os Estados Unidos atacam diretamente a base síria d'Al-Chaayrate lançando mísseis.
Setembro de 2017
As Forças Democráticas Sírias e o Estado Islâmico travam uma luta pela posse zona de Deir ez-Zor, rica em petróleo. A batalha segue em curso.
Fevereiro de 2018
Em 18 de fevereiro de 2018, o exército de Bashar al-Assad, passou a atacar violentamente a região de Ghouta, reduto que lhe faz oposição. Estima-se que mais de 300 pessoas foram mortas durante o bombardeio.
Em 24 de fevereiro de 2018, a ONU decretou uma pausa humanitária a fim de fazer entrar um comboio na zona conflitiva de Guta Oriental. Igualmente, o presidente russo Vladimir Putin, determinou uma pausa de cinco horas.
O objetivo era entregar remédios, roupas e alimentos para os civis, cerca de 400.000, que estavam entre os dois exércitos combatentes. O cessar-fogo, porém, não foi respeitado por nenhum dos lados, e mais mortes ocorreram.
Números do Conflito
320.000 a 450.000 pessoas já morreram no conflito.
1,5 milhões ficaram feridas.
5 milhões de refugiados. A Turquia é o principal destino e recebeu 2,7 milhões e a União Europeia, 160.000 somente em 2016.
O Brasil, até 2016, tinha concedido a entrada a 2.252 sírios.
6,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente.
1,2 milhão de sírios foram obrigados a deixar suas casas apenas em 2015.
A produção de petróleo era de 385.000 barris por dia em 2010, porém em 2017 era 8.000 barris/dia.
35% do território, onde vive 70% da população, está controlado pelo Exército sírio. Já o Estado Islâmico domina 40%; os rebeldes detêm 11%; e os curdos, 14%.
70% da população não têm acesso à água potável.
2 milhões de crianças estão fora da escola.
Antes da guerra, a população síria era de 24,5 milhões. Agora, calcula-se que seja de 17,9 milhões.
A pobreza atinge 80% da população, que não têm condições de acesso a alimentos básicos.
A inflação dificulta o acesso aos alimentos, o leite ficou 20 mil vezes mais caro, o pão 3 mil vezes e os ovos 6,5 mil vezes.
15 mil militares de 80 nações estão na linha de frente do conflito.
Sou cristão, por que devo me importar?
O primeiro motivo se deve ao fato exatamente de sermos “cristãos”, e nos comprometermos com o princípio do Amor e da Compaixão. Mas também há uma razão muito especial para considerarmos a Síria.
O livro bíblico de Atos dos Apóstolos no capítulo 9 relata a conversão de Saulo, o perseguidor dos cristãos no primeiro século. O texto diz sobre o encontro de Jesus com Paulo acontecendo na estrada “a caminho de Damasco”. O escritor de Atos não menciona o local exato deste episódio. Porém, na ordem de Jesus (v.6) “entra na cidade” e maneira como foi conduzido pelos seus companheiros, levando-o “pela mão”, e possível concluir-se que o local é bem próximo à entrada de Damasco, atual capital da Síria.
O local da conversão de Paulo foi identificado como sento Tabbaleh, junto à Porta Oriental de Damasco. Na década de 70 neste local foi construído o memorial de São Paulo, desejado pelo Papa Paulo VI, depois de sua visita à Terra Santa em 1964. (trecho do artigo arqueológico do Professor Luiz da Rosa ao portal abiblia.org)
Damasco deve ter muito valor para nós cristãos, é o local onde Deus iniciou uma transformação na vida daquele que antes era reconhecido como perseguidor dos cristãos e, depois passou a ser o maior responsável por anunciar o Evangelho aos gentios (os não judeus). Podemos dizer que “Damasco” é berço da nossa oportunidade de salvação. A salvação que antes só havia sido anunciada aos judeus, então pôde ser partilhada a todos, depois da experiência de Saulo em Damasco. O próprio apóstolo Paulo escreve em Colossenses 1:26,27:
O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;
Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória (...)
Como aqueles que foram salvos em Cristo Jesus, nossa linguagem e nosso conteúdo deve ser a salvação, deve ser alcançar os perdidos, e proporcionar a todos os benefícios da salvação (perdão, libertação, cura, Amor, vida plena etc.). Por isso, temos uma dívida a pagar com a Síria. Uma dívida de oração! Deve ser nosso compromisso clamar ao Senhor para que sua misericórdia alcance a Síria, alcance Damasco. Que a graça que nos alcançou e alcança tantas vezes, perdoando os pecados que recorrentemente repetimos, se estenda até o povo da Síria.
No Salmo 122, o salmista Davi convida a todos para terem prazer na casa do Senhor e orarem pela Paz em Jerusalém, como sendo a cidade de Deus, a casa do seu povo, a casa de Deus. Considerando o que Deus fez em Damasco na conversão de Paulo, que tem ligação direta com a nossa, por que não diz: “Orai pela paz em Damasco” ou “Orai pela paz na Síria”?
Muito tem se discutido nas redes sociais sobre o cumprimento das profecias bíblicas de Isaías 17 e Jeremias 49, que tratam acerca da destruição de Damasco. Discernir estas profecias não é o que mais importa a nós nesse momento. Há muito sensacionalismo em torno do assunto e em torno de temas escatológicos, criando uma espécie de terror entre os cristãos. Para nós, Igreja de Cristo o dia do Senhor será um dia de vitória e não de medo e pavor.
E, nem tampouco, cabe a nós julgarmos o pecado da Síria e avaliarmos se o que está acontecendo é uma maneira profética de Deus castigar a este povo. Romanos 14:8-13, nos mostra que o papel de julgar não é nosso, todo joelho se dobrará e toda língua confessará Jesus Cristo como Senhor e, todos prestaremos contas diante de Deus.
Cabe-nos viver para o Senhor e dedicarmo-nos à intercessão pelos milhares de famílias afetadas na Síria pela guerra que se estende por estes sete anos. Clamar ao Senhor pela situação de crise humanitária que este país vive. Que o Senhor levante recursos e pessoas que abasteçam o país. E que o Senhor toque o coração dos envolvidos nos embates, despertando o quebrantamento, o amor, e o arrependimento.
É utopia? Não é fé! Baseada na própria Palavra! Qual o cristão no primeiro século imaginaria Saulo convertido? O que impediria o Senhor Deus de realizar algo semelhante?
Que acima de tudo a salvação se manifeste na Síria. Que Damasco receba em suas portas novamente a esperança de salvação trazida pelas mãos dos homens. E que o Espírito Santo alcance os corações tanto de civis como militares, rebeldes e grupos de extermínio.
Thiago Marques
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