top of page
  • Foto do escritorSede Regional 3RE

Sobre o pensar e deixar pensar no pensamento de John Wesley...

Atualizado: 12 de jun. de 2018

“Sabe, porém, isto: Que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos... mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela... esses também se opõem à verdade. São homens que tiveram suas mentes corrompidas; são reprovados na fé. Contudo, não irão longe; pois, como no caso daqueles opositores, a insensatez que lhes é própria se manifestará claramente a todos” (2 Tm. 3.1-5,8,9).


“O caráter de um metodista"


1. ...Mas quanto a todas as opiniões que não atingem a raiz do cristianismo, pensamos e deixamos pensar. Então, seja o que for, seja certo ou errado, eles não são marcas distintivas de um metodista.” John Wesley


“Mentes são como paraquedas, só funcionam abertas.” Este provérbio espelha uma verdade, pois se quisermos crescer, avançar e progredir, seja no trabalho, escola, família e na igreja, precisamos reconhecer que não dá para pensar e viver como se estivéssemos em outro tempo ou outra realidade. Os tempos passam e novos conceitos e ideologias surgem o tempo todo. Diante desta questão nos perguntamos: como devemos nos posicionar em relação a tudo isso? Como devemos nos portar diante do relativismo(1) que impera nestes “tempos trabalhosos” (2 Tm 3. 1)? Como cristãos/ãs, metodistas professos, qual é a posição de nossa igreja frente a temas polêmicos que volta e meia surgem em nossas comunidades?


Somos abençoados...


Sim! E essa benção é o fato de Deus ter dado a cada um/uma de nós a capacidade que temos de pensar, refletir, analisar e elaborar argumentos para defendermos nossas posições, mas não podemos esquecer que também é nossa tarefa usar a mente para a Glória de Deus. Ao sabermos que Deus conhece os nossos pensamentos, já deveria ser o suficiente para zelarmos e filtrarmos o que passa por nossos pensamentos.


O apóstolo Paulo disse:

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Fp. 4. 8).

Somos seres dialogais...


Frente ao mundo e às pessoas que nos questionam, precisamos exercitar o diálogo, a conversa, a ponderação, a tolerância, e para que isso aconteça necessitamos, mais do que nunca, de:


Respeito: É preciso haver consideração e reconhecimento do valor daquele/a com quem se fala. Se você se aproxima do outro/a com a convicção de que este/a nada tem a lhe oferecer, que nada sabe e que você lhe é superior, nada feito! Isso não é diálogo. É imposição e vaidade.


Humildade: Um reconhecimento sincero de que as pessoas não são “donas da verdade” e tem sempre algo a aprender com as demais. Também é a capacidade de reconhecer que posso estar errado naquilo que pensei ou defendi, e portanto assumo o meu erro.


Sinceridade: Não é terrível conversar com alguém que esconde a verdade, que nos engana? A gente se sente traída. No diálogo, temos que nos mostrar ao outro sem enganos ou máscaras (falsa imagem do que realmente somos) Os medrosos são os que se escondem sob a mentira.


Amor: Um amor que nos faz caminhar juntos, com responsabilidade e total dependência de Deus como nos ensina 1 Coríntios 13.


Romper com os preconceitos: Quando nos aproximamos do/a outro/a não há como haver diálogo se já lhe identificamos como sendo “aquele/a que não pensa como eu”, “aquele/a ali...”, “o/a herege...”, “aquele/a que não aceita os nossos valores...”, o pior é que quando não gostamos do/a outro/a, ou o entendemos como inimigo/opositor...nem o nome mencionamos, é “ele”, “ela”, “aquele/a lá”, “o que faz parte daquele grupo...”. Precisamos tomar cuidado para que realmente haja diálogo e não um monólogo em nossas possíveis conversas.


Somos Metodistas...


O que significa que pertencemos, por escolha nossa, a uma Comunidade de Fé a qual tem uma teologia e um corpo doutrinário estabelecido, firmado na palavra de Deus e naquilo que o Metodismo histórico defende e aponta para prosseguirmos em nossa jornada. Todos/as que são membros da Igreja Metodista fizeram seus votos e neles afirmaram seguir a doutrina e os costumes da Igreja Metodista. Os/as presbíteros/as da igreja fizeram votos de zelar pela doutrina e cumprir os cânones e as decisões conciliares. Assim sendo, todos/as que fazem parte da igreja (clérigos e leigos) já se comprometeram a caminhar juntos pela unidade da igreja e a expansão do Reino.


Há um pensamento de John Wesley que precisa ser interpretado por nós de forma correta, geralmente as pessoas dizem “temos que pensar e deixar pensar” como falou Wesley. Bem, a frase toda é a seguinte:

Mas quanto a todas as opiniões que não atingem a raiz do cristianismo, pensamos e deixamos pensar.” Como nos lembra o João Wesley de Moraes Dornellas em trecho do seu livro pequena história do Povo Chamado Metodista, pg. 12: “Foi por isto que, mesmo “pensando e deixando pensar”, George Whitefield, amigo de Wesley desde o Clube Santo, um dos grandes nomes do início do movimento e notável orador sacro, não pôde, em virtude de suas convicções calvinistas, permanecer no metodismo, da mesma forma que muitas outras pessoas tiveram de encontrar outras igrejas onde se abrigar.”

John Wesley e George Whitefield foram amigos e a discordância na questão doutrinária não desfez amizade, porém fica claro aqui que o “...pensar e deixar pensar” tem haver com a liberdade que é dada a cada um de assumir o que faz e o que coloca como pensamento. Mas, isto não significa que como instituição a igreja ou quem faz parte dela, pode fazer o que quiser a seu bel-prazer sem respeitar a teologia ou o corpo doutrinário desta igreja, sem respeitar as orientações canônicas, as normativas, os regulamentos, as decisões conciliares, as cartas pastorais do Colégio Episcopal. Se alguém entende que mudanças devem ser feitas, existem órgãos da igreja e instâncias que devem ser seguidas e respeitadas. Temos o direito democrático ao livre pensar, isso é verdade, também temos responsabilidades para com a denominação (igreja), da qual, por nossa opção, fazemos parte.


Jonh Wesley não disse que dentro do metodismo podia-se fazer e pensar o que quisesse, sua colocação foi que “aquilo que não atingem a raiz do cristianismo, pensamos e deixamos pensar”, ou seja, respeitamos quem pensa diferente. Porém, não deixamos de manter as nossas convicções, não deixamos de defender a Bíblia como única regra de fé e prática, não deixamos de entender e defender que Jesus Cristo é o único e suficiente Salvador, não deixamos de entender que os pecadores precisam se arrepender de seus pecados para alcançar a salvação, não deixamos de crer nos dons espirituais, não deixamos de crer na família, não deixamos de crer no poder da oração, não deixamos de crer na conversão do pecador, não deixamos de crer no Livre Arbítrio - há escolhas que levam para a morte e o pecado e outras escolhas que nos levam para a vida - e que é nossa tarefa proclamar o evangelho da salvação e a implantação do Reino de Deus até que o Senhor Jesus Cristo venha para nos resgatar.


Somos tolerantes, mas não somos apáticos...


Podemos e devemos dialogar sobre os mais variados assuntos e temos a clareza de que a tolerância é nossa herança, mas também pode criar problemas. Existe o perigo de que a apatia possa ser substituída pela tolerância. Devemos nos opor à atitude de que a doutrina correta não é importante. Não devemos abraçar todo vento de doutrina. Nós devemos lutar pela fé, e nesta luta mostrar a mente de Cristo ao defendermos Seus ensinamentos.


Pensar tendo a mente de Cristo é ter a mente renovada, arejada e criativa. É refletir acerca de Sua vida e Obra. Quando pensamos em Jesus Cristo nossas mentes são revigoradas. Pensar em Cristo Jesus é dialogar com amor, respeito e ternura. Raciocinar em Cristo é ter uma mente ajustada, energizada, descansada e renovada. É pensar radicalmente com a verdade do Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê (Rm. 1.16). O pensar centrado em Cristo nos leva a confiar nas suas promessas, a buscar e lutar pela verdade que vem de Sua Santa Palavra, nos leva a ter uma vida de integridade diante de Deus e dos homens/mulheres e por fim, a termos visão clara da vontade de Deus em nossas vidas. Deixamos de pensar e ouvir apenas o que queremos, para realmente ouvir o que Deus tem a nos dizer.


Que sua mente e coração sejam constantemente renovados pela doce presença do Espírito Santo de Deus em sua vida. Que os pensamentos te levem para mais próximo de Deus, e te afastem das ideologias e doutrinas que fogem do que a palavra de Deus apresenta para nós.


Deus te abençoe nesta jornada!

Pastor na Igreja Metodista em Arthur Alvim e Superintendente Distrital do Distrito Leste 2.



(1) Relativismo é uma corrente de pensamento que questiona as verdades universais do homem, tornando o conhecimento subjetivo. O ato de relativizar é levar em consideração questões cognitivas, morais e culturais sobre o que se considera verdade. Ou seja, o meio que se vive é determinante para construir essas concepções.

1.597 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page