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  • Foto do escritorSede Regional 3RE

Torradas queimadas...

“Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas queimadas, defronte ao meu pai.


Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e engolindo cada bocado.


Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:

" - Adorei a torrada queimada..."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:

- Filho, sua mãe teve um dia de trabalho intenso e estava cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias. O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar. A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apoia, eu e ela nos completamos.


Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia em que um partir, este mundo vá desmoronar. Não vai. Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor.”

Desconheço o autor deste texto, mas a lição se estende para qualquer tipo de relacionamento: marido e mulher, pais e filhos, amigos de longa data, ou irmãos que congregam numa igreja.


Em tempos em que as exigências e expectativas são muito grandes. Em tempos onde as cobranças são cada vez maiores, essa história pode nos ajudar a repensar a nossa postura e a nossa caminhada na fé...


Todo aquele que aceita o chamado de Cristo de fazer parte de Seu Corpo logo perceberá que está cercado de pessoas que não são, exatamente, as ‘mais adoráveis’. Em qualquer tipo de relacionamento haverá momentos em que você será contrariado e as pessoas não corresponderão às suas expectativas. Justamente por isso suas ações nem sempre serão compreendidas, e nem sempre irão lhe sorrir... Na verdade, durante a sua vida, você irá receber inúmeras “torradas queimadas”.


O que fazer com elas? Como agir? Como responder? Sinceramente, espero que você busque a Palavra, para ali saber o que fazer a respeito. Um episódio na vida de Jesus nos traz uma grande lição. Depois da traição, quando reencontrou a Pedro numa manhã junto ao mar, o Mestre não lhe censurou, não o repreendeu, não lhe disse: “Perdeu a sua chance”, nem alguma coisa do tipo: "Não esperava isso de você"... Mas tão somente fez-lhe uma pergunta: “Tu me amas?”.


O amor não espera perfeição ou “impecabilidade”. O amor não é perfeito, mas vai se aperfeiçoando na caminhada. Lembre-se disso quando alguém que te ama lhe servir torradas queimadas.

Daniel Rocha

Pastor na Igreja Metodista em Santo André

(um pastor que às vezes serve torradas que passaram do ponto)


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